[Imagem de Augusto Baptista, do espectáculo A Fronteira (direcção de Rogério de Carvalho), criado no 1º Estágio Internacional de Actores Lusófonos, 1998]
O trabalho será dividido em duas fases. A primeira, à distância, entre 5 e 20 de Agosto; a segunda, em presença, de 24 a 30 de Agosto.
1ª FASE
A primeira fase irá ser constituída pelos seguintes momentos:
1.
Observação de pessoas na vida quotidianaOs participantes irão definir livremente um período e um local para a realização da experiência de observação. Deverão ter em conta os ritmos provocados pelo próprio ambiente do local escolhido (que são diferentes num jardim, numa praça, num hospital, num café, num hipermercado, por exemplo). Depois irão fazer o registo da observação centrada sobre a caracterização física e psicológica das pessoas observadas, tendo em conta o modo de andar, a compleição física, a atitude corporal, o olhar, o que estão a fazer, algum tique ou característica especial, o estado de espírito que aparentam, ou outro aspecto. E para finalizar, irão imaginar uma determinada estória para, pelo menos, uma das pessoas que observaram.
2. Criação da Personagem
Os participantes irão criar uma personagem à qual atribuirão um conjunto de elementos de identificação como o nome, data e local de nascimento, local de residência, filiação, descendência, profissão, aspectos físicos, dados da personalidade, conjunto das mais importantes relações que estabelecem (sociais, profissionais, familiares, íntimas).
Irão também definir a casa, a rua e a cidade da personagem.
3. Criação da Estória
Os participantes irão criar uma biografia da personagem assinalando um momento em que houve uma mudança, uma ruptura, uma descontinuidade, na sua vida. Terão também que identificar que tipo de mudança foi, se foi provocada por alguma condicionante do ambiente externo, familiar, profissional, afectivo, ou outra.
2ª FASE
Na segunda fase, com sessões em presença, iremos trabalhar (também partindo de todas aquelas informações) através da emancipação da voz da personagem, explorando a sua discursividade, o modo como organiza o seu discurso, quer na maneira como fala de si, dos outros e do mundo, quer como se relaciona com a memória. Exploraremos também a descrição das acções físicas da personagem, as didascálias.
Para além da discussão sobre os materiais construídos na primeira fase, iremos retrabalhá-los através da criação de pequenos exercícios que exploram a voz da personagem. No fundo, iremos utilizar várias propostas muito utilizadas nas práticas de jogo dramático.
Nesta segunda fase iremos explorar a complexidade do discurso teatral, através de várias experiências sobre a oralidade, da sua conexão com o registo emocional, da articulação do discurso com as acções físicas, da introdução de saltos temáticos bruscos, do desfazamento entre pensamento e palavra, das interrupções, das reiterações, das contradições discursivas e muitas outras modalidades que produzem a riqueza do discurso dramático.